Sempre me vi como mãe de menina! Extremamente feminista, mas das antigas (que depila as axilas e não balança os peitos em público) comecei meu próprio fanzine quando tinha 14 anos. Chamava Punkette e a primeira frase era “A gente é completamente contra a moda, essa alienação foda que aliena a juventude.” Com ele impresso, saí no centro de Osasco (cidade da grande São Paulo a qual eu morava), para distribuir minhas palavras de ordem (eu diria um pouco de ódio também). Ingenuamente, fiz um cartão de visita para mim e para a minha amiga, junto com o zine distribuímos o nosso telefone. Na época não tinha e-mails, blogs, Facebook… era o começo da internet no Brasil. O resultado não foi muito positivo, um monte de homens ligou para mim e para a minha amiga, mas no tom de paquera e não era isso nosso objetivo. O resultado, minha mãe proibiu eu andar com minha amiga, e a mãe dela fez o mesmo. Depois eu comecei a distribuir meu fanzine somente por correio, na época eu tinha muitos amigos postais. Sempre gostei de escrever, mais tarde pude destilar toda minha primeira revolta no blog “Sarah Punk!” Naquela época a gente ainda tinha medo de se expor na internet, muitas pessoas usavam pseudônimo, isso foi em 1999.
Confesso que conforme fui amadurecendo e vendo como o movimento feminista foi mudando, comecei a ter vergonha de me nomear feminista. Não acho que nossa luta deva ser na nojeira, na vulgaridade ou ser grotesca! Isso na realidade só afasta as pessoas normais da “causa,” assim como, não deveria ser envolvida com movimentos políticos. Poderia existir uma feminista de direita, centro ou esquerda ou pessoas sem nenhum viés politico, mas no Brasil o feminismo ficou infelizmente associado a “esquedopatas” e toda a corja do PT. Então, eu definitivamente não me intitulava mais feminista, embora ainda lutasse, agora com menos barulho na verdade, pela igualdade entre os homens e mulheres.
Me indignava com empresas onde homens e mulheres com a mesma capacidade e experiência tinham funções distintas, sempre dando mais chances para os homens, é claro. Acredito que a única profissão aonde mulher ganha mais que homem é modelo e isso ainda está ligado principalmente a característica que a mulher gasta mais dinheiro com roupa e outros artigos, logo nos ligando com a futilidade.
Também acredito que possamos nos vestir como quisermos (até optar por topless apesar de achar feio) e não sermos estupradas. Se o homem é um predador perigoso, ele que deve ser preso e não a gente em roupas que escondam nossas “vergonhas”. As religiões tiveram um papel de fundamental importância para a demoniazação do corpo, principalmente o feminino. Nesse contexto, posso dizer que perdi um pouco da paixão por Srila Prabhupada, fundador do movimento Hare Krishna, em algumas passagens do Srimad Bhagavatam por exemplo, ele dizia que as “mulheres eram seres menos inteligentes”. Revelo que a ler isso algumas vezes influenciou muito a forma que via a religião. Como poderia concordar com isso? Muitas vezes eu achava que a mulher era até mais capaz que os homens para algumas funções que requerem por exemplo habilidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Acredito que um serviço de escritório, aonde tem que responder e-mail e falar no telefone ao mesmo tempo, a mulher se saia melhor. Assim como, para telemarketing ou vendas, mulher tem mais jeito, óbvio que tem ótimos vendedores, mas estou falando da média.
Então como ter um menino num mundo tão machista? Eu estava preocupada. E na verdade depois de um tempo entendi que educar os meninos é na verdade a melhor maneira de não espalharmos o machismo. Ensinar a criança desde de pequena que não existem tarefas de homem e mulher era a chave. Costumo dizer ao meu marido que a única tarefa 100% feminina é a amamentação no peito, o resto homens e mulheres podem fazer. Uma vez vi uma mãe de um menino e uma menina dizendo que era para a menina lavar a louça, porque se não o menino viraria gay. Acredito que ela já estava desconfiada da homossexualidade dele, que já começava a ficar mais evidente no início da adolescência. E não, lavar a louça não vai fazer do seu filho gay! E sim, mesmo mulheres são machistas.
Ontem estava assistindo um programa de televisão chamado “De Férias com o Ex”, um cara tentou agarrar uma moça quando ela estava no banheiro. Sendo que esse cara tinha namorada no programa. Quando a moça que foi agarrada revelou o ocorrido para os outros participantes o “predador” ficou indignado, não só gritou com a garota, como lhe deu uma cotovelada e cuspiu em sua cara. No dia seguinte o rapaz foi expulso do programa e eu acho que foi bem merecido. Então uma outra participante, a tal da Bifão, foi lá e ameaçou a menina que foi agarrada e depois agredida pelo menino, disse que transformaria a vida dela num inferno e ela pediria para sair do programa. Pois a garota ao revelar que foi agarrada, fez o rapaz ficar descontrolado e ser expulso. Fiquei passada, até quando veríamos mulheres defendendo agressores? E essa era uma moça jovem com menos de 30 anos!
Tudo isso para dizer que já tive dois sonhos com meu bebe. Hoje é dia 29/06/2019, eu ainda não implantei nenhum dos embriões e não sei se vão “vingar”. O primeiro sonho foi eu chegava em casa e o meu filho já era grandinho. Ele estava no chão brincando com o pai e vestida um macacão de algodão de bichinhos. É tão interessante como são os sonhos. Quando ele me via, corria para meus braços, pulava no meu pescoço e me dava um abraço. Nessa noite nasceu a mãe do Benjamin e eu acordei toda feliz. Eu teria um bebe, sou supersticiosa e acredito que meus sonhos são sinais. Só fiquei preocupada que não tinha outro bebe. Minha mãe disse “eles vão nascer em momentos diferentes, por isso”. E era verdade, minha médica se recusa a colocar mais de um blastocisto, porque eu testei geneticamente, então a chance de engravidar de múltiplos é alta no caso de colocar dois bebes (pode até virar 4!)
O outro sonho era que me entregavam um bebê e quando eu via era uma menina. Eu dizia que era não era minha filha, que meu filho era um menino, um surfista. E nesse mesmo dia eu pintei um body para ele com uma onda, inspirada na arte japonesa. Nesse dia nasceu a mãe de um menino e meu bebe ainda nem estava no meu útero, ele estava no mundo de frozen.
Enviando pozinho de bebes para todas as mulheres que sonham em um dia serem mães!