Depois que me tornei mãe, confesso que passei a me cuidar mais e me achar mais bonita também. Meu corpo, sem dúvida, passou por muitas transformações nos últimos 10 anos e 2 gestações. Engordei muito, depois emagreci muito também. Ganhei cabelos brancos, algumas ruguinhas que eu não tinha, flacidez em algumas áreas e até estrias e celulites que antes não faziam parte do meu corpo jovem da época dos meus 20 e poucos anos. Mesmo assim, me acho mais bonita do que antes. Me cuido em dobro agora também, mas isso faz parte da atitude de quem aprende a se amar e amar aquilo que Deus deu para tomar conta em vida: um corpo e uma alma.
No entanto, vejo mulheres que ao longo de suas vidas se deixam “largar” depois de tantas transformações trazidas pela idade e – principalmente – pela maternidade. Parece que depois que os filhos nascem, todo amor próprio dessas mulheres simplesmente vai embora junto com a placenta, rsrs. Meio duro dizer isso, mas sinto que as mulheres precisam entender que por mais amor incondicional e arrebatador que elas tenham por suas crias, elas ainda precisam SE amar e SE cuidar. As mulheres não se tornam mães e deixam de ser indivíduos. Elas ainda continuam tendo que cuidar de si mesmas, de suas emoções e auto estima. Muitos dos casos de depressão pós parto poderiam ser evitados se as mulheres simplesmente tomassem consciência de sua realidade atual e trabalhassem suas vidas em cima disso e não com base no que foram e não são mais.
É muito comum ver mamães que desleixam só porque não são mais o que foram e aí caem na famosa premissa: “Já que estou no inferno, vou abraçar o diabo”. Um pouco forte esse pensamento eu sei, mas ele resume o que acontece inconscientemente. Veem que precisam melhorar um pouco os cuidados, mas não o fazem porque acham que já é caso perdido mesmo, tipo: “Ah, to 10 quilos acima do peso, então que se dane. Como mesmo!”. Já ouvi mulheres que dizem que é assim mesmo, que depois de certa idade e depois dos filhos elas podem se dar o direito de largar mão de tanta vaidade e cuidados. Mas a realidade é que esse comportamento já é parte de algo muito maior acontecendo dentro dela: a baixa estima.
No livro Melhor Do Que Comprar Sapatos, da autora Cristiane Cardoso, gosto muito de sua colocação no capítulo “Feia, eu?”. Diz assim num trecho:
“(…) Se você sempre questionar essas ideias ruins sobre si mesma, logo vai perceber que era bobagem acreditar nelas, para começar. E então vai se amar como merece. Basta olhar ao seu redor, e verá que não há ninguém como você. Ninguém, entre bilhões e bilhões de pessoas. Seu corpo pode precisar de umas melhorias, mas só porque você não está cuidando direito dele. Assim que começar a cuidar dele, amá-lo o suficiente para investir nele, você começará a ver o quanto ele é bonito.
As pessoas só conseguem cuidar do que gostam. Se você se amar, irá cuidar bem de si. Você vai cuidar bem da sua saúde, do seu corpo, da sua aparência e até mesmo da casa em que vive. Quando se olhar no espelho e gostar do que vê, as pessoas que olharem para você também vão gostar do que virem, ‘porque, como imagina em sua alma, assim ele é’ (Provérbios 23.7 – Bíblia)”.
Quando eu tive minha filha mais nova, passei por alguns problemas emocionais no pós parto, mas me lembro bem de uma amiga me dizer por mensagem no chat do Facebook: “Amiga, toma um banho, coloca uma roupa legal e passa um batom. Vai ver como já se sentirá bem melhor!”. Sabem que ela tinha razão? Quando a gente se olha no espelho e tudo o que vê é feiura e desleixo, a gente vai perdendo a vontade de se cuidar e se arrumar. Parece que a gente vai se acostumando com essa aparência e acha que ninguém vai notar. Mas quando a gente passa a não aceitar que precisa ser assim e passa a lutar contra essa falta de amor próprio, a vontade de se cuidar cada vez mais, surge em doses maiores, mesmo estando um pouco acima do peso, mesmo a grana estando curta, mesmo cansadas da rotina estressante. Quando a gente toma um banho, coloca uma roupinha melhor e passa um batom (e um bom corretivo para as olheiras, rsrs). As coisas parecem mudar por fora, mas por dentro também.
Ser mãe não pode ser desculpa para você não precisar mais cuidar de si. Lute para retomar o peso, compre uma maquiagem nova, invista em roupas que valorizem o “novo” e diferente corpo que vai surgindo conforme os filhos nascem e a idade surge. O que não vale é se permitir certas coisas usando a idade e as mudanças como justificativa.
Não estou fazendo aqui um apelo estético, tão pouco supervalorizando a aparência externa. Não é nada disso! Quero que as mulheres aprendam a valorizar a real beleza que elas têm, sem se sentirem feias por causa das marcas do tempo e da vida. Se você está gordinha, faça dieta sim, mas aprenda a se amar deste jeito e a se valorizar desta forma. Hoje em dia, existem roupas lindíssimas para quem está acima do peso. Não tente fingir que não está acontecendo nada e tentar usar as mesmas roupas de sempre porque isso além de feio, não valoriza em nada sua nova beleza! Abandone as calças justas demais, blusinhas apertadas e curtas. Ouse looks mais soltinhos, lisos e com corte que valorize o busto, por exemplo. E por aí vai! Se você ganhou estrias, tente tratá-las, mas aprenda também a conviver com elas de forma saudável: se o biquini incomoda, não precisa deixar de ir à praia ou à piscina, aposte num maiô moderno e seja feliz! As ruguinhas atrapalham? Aprenda a fazer maquiagem que disfarce isso e valorize outras partes do seu rosto. Mas acima de tudo, aprenda a se amar e valorizar cada pedacinho daquilo que a vida tem transformado e feito com você, principalmente depois de ser mãe.
Talvez nem tudo volte a ser como antes, mas pode ser melhor. Talvez você não precisasse se preocupar tanto com a aparência antes dos filhos e quando era mais nova, porque tudo soava naturalmente lindo em você, até o rosto sem maquiagem (lavado, como se diz), mas você ainda tem uma beleza guardada que só precisa ser ressaltada, notada, percebida. Cada fase e cada idade esconde algo novo a ser descoberto. Basta querer encontrar!
Fico feliz quando as pessoas me dizem que sou melhor e mais bonita hoje em dia do que quando eu era mais nova e sem ter passado por nenhuma gravidez, por exemplo. Rio por dentro, porque só eu sei os defeitinhos que eu tenho e que me incomodam, mas ao mesmo tempo percebo que isso é reflexo da forma saudável com que escolhi encarar as mudanças que vieram sobre o meu corpo e minha vida. Eu aceitei isso e me adaptei. Uso corretivo para as olheiras e creme para amenizar ruguinhas na área dos olhos, uso roupas que disfarçam certas gordurinhas e valorizam outras partes que estão legais, tento manter o corte de cabelo moderno e sempre pinto a raiz dos cabelos, entre muitos outros hábitos que adquiri ao longo dos anos.
Enfim, o que eu quero dizer é que valorizar-se externamente ajuda a gente a se enxergar internamente da mesma maneira. Isso vale, inclusive, para questões intelectuais. Fazer um curso diferente, aprender uma coisa nova, descobrir novas alternativas para a mesma tarefa, tentar algo novo ou arriscar mais… Tudo isso ajuda a construir uma auto imagem mais confiante, atraente e bonita. E quando a gente se vê melhor, o mundo a nossa volta vê a mesma coisa. A gente pode ser uma mulher/mãe poderosa e linda apesar do tempo e das circunstâncias, basta investir tempo, carinho e cuidado para isso. Não requer dinheiro, apenas vontade e insistência.